quarta-feira, 12 de maio de 2010

o Ciberespaço é um lugar ou um não-lugar? Parte 1

Achei um artigo bem interessante sobre não lugares e o ciberespaço, o texto busca oferecer uma contribuição para desmistificação de alguns conceitos em discussão na atualidade, utilizando-se de ferramentas analíticas da Sociologia e da Antropologia. Conceitua ciberespaço e cibercultura, contextualizando-os nas novas relações das quais são eles frutos, e se tornam produtores quando ocupam lugar no ambiente produzido pelo homem.

vou colocá-lo inteiro aqui no blog, cada postagem corresponderá a um tópico.

Abordagens Antropológicas e Sociais no (não) Lugar

Introdução

A discussão proposta nesse artigo se constitui em um desafio, haja vista as peculiaridades e a atualidade da problemática, para a qual os instrumentos teóricos atuais ainda não oferecem condições de uma análise completa.

Discutindo conceitos como lugar e não-lugar, virtual, ciberespaço e algumas situações da cibercultura, por meio de abordagens antropológicas e sociológicas, pretende-se levantar questões a respeito da influência dessas novas realidades na (re) configuração da cultura, as relações simbólicas implícitas.

1. O não-lugar enquanto espaço

Os conceitos, quando historicamente arraigados nos saberes legítimos, populares ou científicos das sociedades, são de morosa evolução. Assim se dá com o conceito de espaço. Se nos recordarmos das aulas de Geografia, facilmente perceberemos como a noção de espaço nos foi apresentada e incorporada ao nosso modo de pensar infantil, gerando conseqüências para toda a vida. Essa noção geográfica não considerava nem mesmo o tempo, como constituinte do espaço.

Dessa noção inicial surgiram algumas variantes, como o determinismo geográfico, que presumia que as culturas desenvolvem-se exclusivamente em função do espaço onde está inserida, sendo este determinante para os comportamentos, e influenciando até mesmo no desenvolvimento dos países. Exemplo disso e a idéia que vigorou durante um tempo relacionado à condição brasileira de desenvolvimento econômico, devia-se ao clima, quente, por ser este indutor de uma cultura do não-trabalho. Essas idéias, originárias de teses iluministas, consideravam o formato físico-geográfico fator determinante para as relações humanas (MORAES, 1997, p.39 e MOREIRA, 1994, p.32).

Há uma grande dificuldade de se dissociar o espaço, e conseqüentemente o lugar, de conceitos vezes associados ao meio natural. Tanto que, quando nos referimos a Meio Ambiente, evocam-se paisagens naturais, intocadas pelo homem, quando mesmo essas já foram alcançadas pela cultura, se não concreta e material, pela abstrata e imaterial. Sob esse prisma, podemos tranqüilamente afirmar que nosso meio ambiente alcança Marte, Júpiter, todo o sistema solar e algo mais.

A desespacialização natural do lugar favorece a idéia do virtual como não-lugar. Porém, ao analisar os conceitos relacionados à questão do ciberespaço, questiona-se até que ponto o espaço cibernético é um não-lugar onde acontecem as relações sociais mediadas pelos instrumentos da informática atual.





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