quarta-feira, 12 de maio de 2010

o Ciberespaço é um lugar ou um não-lugar? Parte 6

5. Considerações Finais

Essa discussão pretende levantar novas questões a respeito do não-lugar, da ideologia por trás dos movimentos de virtualização do espaço mundial e da cibercultura como uma realidade totalmente nova e independente daquilo que a precede e com o que convive de algum modo.

A cultura, por si só, é a virtualização fundamental. Os lugares ainda existem, e se apresentam de forma atualizada, em imagens que muitas vezes mascaram até mesmo a existência de um lugar-origem que, atualmente, pode ser um lugar-físico (hardware) ou um lugar-linguagem (software). O concreto ainda é condição sine qua nom da existência e da própria virtualização.

A virtualização esconde novas relações de dominação, ainda obscurecidas nos escombros da sociedade que se desintegra para dar lugar à nova sociedade, manifestando-se mascarada no mito da liberdade total da cibercultura e na anarquia do ciberespaço.

Já se sabe que o trânsito de negócios entre empresas pela internet é incomparavelmente maior do que os individuais. Além disso, instrumentos de qualificação de sites já nos permitem vislumbrar a interdição dos discursos (FOUCAULT, 2001, p. 9) presentes na rede, atribuindo características, qualidades às diversas manifestações, desqualificando as falas. Essa interdição não se limita apenas à linguagem-conteúdo, mas também a linguagem-programação, na busca de padronizar os protocolos de comunicação e leitura dos programas da rede, instituindo um idioma universal. Isso sem falar nas possibilidades de vigilância geradas pelas tecnologias da internet, que já configuram padrões de consumo, culturais, de interesses, entre outros.

Começa a se configurar a atualização da sociedade de controle, o disciplinamento, a domesticação da rede.

Contra esse disciplinamento, vai subsistir o mito das origens, da contra-cultura californiana e do domínio das máquinas sobre o homem – o novo apocalipse. Em um período que nos esforçamos para compreender o presente, o “futuro” já se faz presente.


Fonte Revista Espaço Acadêmico




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