Abordagens Antropológicas e Sociais no (não) Lugar
Introdução
A discussão proposta nesse artigo se constitui em um desafio, haja vista as peculiaridades e a atualidade da problemática, para a qual os instrumentos teóricos atuais ainda não oferecem condições de uma análise completa.
Discutindo conceitos como lugar e não-lugar, virtual, ciberespaço e algumas situações da cibercultura, por meio de abordagens antropológicas e sociológicas, pretende-se levantar questões a respeito da influência dessas novas realidades na (re) configuração da cultura, as relações simbólicas implícitas.
1. O não-lugar enquanto espaço
Os conceitos, quando historicamente arraigados nos saberes legítimos, populares ou científicos das sociedades, são de morosa evolução. Assim se dá com o conceito de espaço. Se nos recordarmos das aulas de Geografia, facilmente perceberemos como a noção de espaço nos foi apresentada e incorporada ao nosso modo de pensar infantil, gerando conseqüências para toda a vida. Essa noção geográfica não considerava nem mesmo o tempo, como constituinte do espaço.
Dessa noção inicial surgiram algumas variantes, como o determinismo geográfico, que presumia que as culturas desenvolvem-se exclusivamente em função do espaço onde está inserida, sendo este determinante para os comportamentos, e influenciando até mesmo no desenvolvimento dos países. Exemplo disso e a idéia que vigorou durante um tempo relacionado à condição brasileira de desenvolvimento econômico, devia-se ao clima, quente, por ser este indutor de uma cultura do não-trabalho. Essas idéias, originárias de teses iluministas, consideravam o formato físico-geográfico fator determinante para as relações humanas (MORAES, 1997, p.39 e MOREIRA, 1994, p.32).
Há uma grande dificuldade de se dissociar o espaço, e conseqüentemente o lugar, de conceitos vezes associados ao meio natural. Tanto que, quando nos referimos a Meio Ambiente, evocam-se paisagens naturais, intocadas pelo homem, quando mesmo essas já foram alcançadas pela cultura, se não concreta e material, pela abstrata e imaterial. Sob esse prisma, podemos tranqüilamente afirmar que nosso meio ambiente alcança Marte, Júpiter, todo o sistema solar e algo mais.
A desespacialização natural do lugar favorece a idéia do virtual como não-lugar. Porém, ao analisar os conceitos relacionados à questão do ciberespaço, questiona-se até que ponto o espaço cibernético é um não-lugar onde acontecem as relações sociais mediadas pelos instrumentos da informática atual.
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